O governo dos Estados Unidos anunciou nesta terça-feira novas sanções (que não foram especificadas) contra a Coreia do Norte por utilizar uma arma química no assassinato no aeroporto de Kuala Lumpur de Kim Jong-nam, irmão do líder norte-coreano, Kim Jong-un.
Estas sanções, que se somam a várias existentes, são anunciadas após a conclusão no último dia 22 de fevereiro da investigação sobre o assassinato de Kim Jong-nam, ocorrido em 13 de fevereiro de 2017 no aeroporto da capital da Malásia.
Washington concluiu que Kim Jong-nam foi assassinado com uma dose do agente nervoso VX utilizado como arma química, o que acarreta sanções automáticas em cumprimento de uma lei de 1991 sobre armas químicas e biológicas.
Embora anunciadas hoje, as sanções entraram em vigor nesta segunda-feira, segundo informou o Departamento de Estado americano.
O anúncio é realizado no mesmo dia no qual Kim Jong-un se mostrou disposto a negociar com os EUA a desnuclearização da península coreana, um oferecimento que o presidente americano, Donald Trump, recebeu com cautela, mas com a expectativa de que possa dar frutos. Ele declarou em uma entrevista coletiva:
“Acredito que são sinceros, mas acredito que são sinceros também devido às sanções e ao que estamos fazendo a respeito da Coreia do Norte, e à ajuda que recebemos da China”.

Quem era Kim Jong-un?
Nascido em 1970, fruto de um relacionamento extraconjugal de Kim Jong-il com a atriz Song Hye-rim, ele foi inicialmente tratado como o herdeiro do regime. Era, provavelmente, o filho mais parecido com o pai em matéria de gosto: apreciava o cinema e as artes em geral. Mas, em 2001, foi flagrado quando tentava entrar no Japão com um passaporte dominicano falso e acompanhado de duas mulheres e um menino para visitar a Disneylândia de Tóquio.
Caiu imediatamente em desgraça –fato que abriu caminho para a chegada ao poder de Kim Jong-un após a morte do pai em 2011–, e desde então passou a passar a maior parte do tempo em Macau. Os analistas avaliam que ele era visto por Pequim como uma possível alternativa para liderar a Coreia do Norte em substituição ao irmão.
Em uma série de mensagens por correio eletrônico com um jornalista japonês, Jong-nam negou ter qualquer tipo de aspiração a governar o seu país natal e expressou seu apoio à ideia de reformas em um regime que ele considerava dinástico. Seu filho Kim Han-sol, que fez curso superior em Paris, já se pronunciou em termos semelhantes e chegou a chamar seu tio Jong-un de “ditador”.
Jong-nam já tinha sido alvo dos serviços secretos norte-coreanos no passado. Em outubro de 2012, promotores sul-coreanos afirmaram que um suposto espião do Norte havia admitido ter participado em uma ação que pretendia assassinar o irmão do líder supremo, fazendo o caso passar por um acidente de trânsito.
Naquele mesmo ano, uma revista russa, Argumenty i Fakty, afirmou que Jong-nam estava vivendo problemas econômicos depois que o regime norte-coreano suspendeu a verba de que ele desfrutava, em reprimenda às suas críticas ao sistema.




























