Puxada pela disparada dos preços dos combustíveis, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, acelerou para 1,62% em março, após alta de 1,01% em fevereiro, segundo divulgou nesta sexta-feira (8) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Trata-se da maior taxa para meses de março desde 1994. Ou seja, em 28 anos, antes da implantação do Plano Real. É também a maior inflação mensal desde janeiro 2003 (2,25%).
“No ano, o indicador acumula alta de 3,20% e, nos últimos 12 meses, de 11,30%, acima dos 10,54% observados nos 12 meses imediatamente anteriores”, destacou o IBGE.
Trata-se do maior índice para 12 meses desde outubro de 2003 (13,98%).
Com o resultado de março, já são 7 meses seguidos com a inflação rodando acima dos dois dígitos, o que reforça as apostas de que a taxa básica de juros (Selic) será elevada em 2022 para além de 13% ao ano.
O resultado veio bem acima do esperado. O intervalo das projeções para o IPCA de março de 41 instituições financeiras e consultorias, ouvidas pelo Valor Data, era de avanço de 0,54% a 1,43%, com mediana de 1,32%.
Oito dos 9 grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE tiveram alta em março. Os principais impactos vieram dos transportes (3,02%) e de alimentação e bebidas (2,42%) – grupos de maior peso no IPCA. Juntos, os dois representam quase metade (43%) da inflação do mês.
A inflação foi também mais disseminada. O índice de difusão passou de 75% em fevereiro para 76% em março. O indicador reflete o espalhamento da alta de preços entre os 377 produtos e serviços pesquisados pelo IBGE.
Veja a inflação de março para cada um dos grupos pesquisados
- Alimentação e bebidas: 2,42%
- Habitação: 1,15%
- Artigos de residência: 0,57%
- Vestuário: 1,82%
- Transportes: 3,02%
- Saúde e cuidados pessoais: 0,88%
- Despesas pessoais: 0,59%
- Educação: 0,15%
- Comunicação: -0,05%
Já a inflação de serviços ficou em 0,45% em março ante 1,36 em fevereiro.
Gasolina sobe 6,95% no mês
A alta foi puxada principalmente pelos preços dos combustíveis, em especial, o da gasolina (6,95%), subitem com maior impacto individual (0,44 ponto percentual) no índice do mês. Em 12 meses, a gasolina acumula alta de 27,48%.
Também houve alta forte no gás de botijão (6,57%), gás veicular (5,29%), etanol (3,02%) e óleo diesel (13,65%), que passou a acumular salto de 46,47% em 12 meses.
Os aumentos refletem o reajuste de até 24,9% anunciado pela Petrobras e que entrou em vigor no dia 11 de março.
Além dos combustíveis, também ficaram mais caros serviços como o seguro voluntário de veículo (3,93%) e transporte por aplicativo (7,98%). Em 12 meses, o preço do transporte por aplicativo acumula alta de 42,74%.
Os preços dos automóveis novos (0,47%) e usados (0,76%) também seguiram em em alta.
Por outro lado, houve queda nos preços das passagens aéreas (-7,33%). Importante destacar, porém, que a metodologia do IBGE considera uma viagem marcada com dois meses de antecedência. “A variação reflete a coleta de preços feita em janeiro para viagens realizadas em março”, explicou o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.
Nos custos da habitação, destaque para a alta da energia elétrica (1,08%).