O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (DEM), afirmou que o pedido de exoneração do ministro Sergio Moro é “lamentável”. O ex-juiz federal Moro, o principal nome da Operação Lava Jato, abandonou o cargo na manhã desta sexta-feira, logo depois que o governo federal decidiu exonerar o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo.
A saída de Moro foi confirmada pelo ex-ministro em um pronunciamento na manhã desta sexta-feira (24). Segundo o governador:
Sérgio Moro foi um grande juiz, que contribuiu com o combate à corrupção no Brasil. Lamento sua saída e que ele não possa continuar contribuindo com o nosso país na qualidade de ministro.

Entenda o caso
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, pediu demissão do cargo, deixando o governo do presidente Jair Bolsonaro após quase 16 meses à frente da pasta. Ao anunciar sua decisão, Moro lamentou ter que reunir jornalistas e servidores do órgão em meio à pandemia do novo coronavírus para anunciar sua saída, mas esta foi “inevitável e não por opção minha”.
Em um pronunciamento de 38 minutos, Moro afirmou que pesou para sua decisão o fato de o governo federal ter decidido exonerar o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Maurício Valeixo. O decreto de exoneração foi publicado nesta sexta-feira (24), no Diário Oficial da União. É assinado eletronicamente pelo presidente Jair Bolsonaro e por Moro, e informa que o próprio Valeixo pediu para deixar o comando da corporação.
O ministro, no entanto, afirmou que não assinou o decreto e que o agora ex-diretor-geral da PF não cogitava deixar o cargo.
Não é absolutamente verdadeiro que Valeixo desejasse sair.
Para o ministro, a substituição do diretor-geral, sem um motivo razoável, afeta a credibilidade do governo, não apenas da Polícia Federal.
O grande problema desta troca é que haveria uma violação da garantia que me foi dada quando aceitei o convite para ingressar no governo, a garantia de que eu teria carta branca. Haveria interferência na PF, o que gera um abalo na credibilidade. Minha e do governo. E também na PF, gerando uma desorganização que, a despeito de todos os problemas de corrupção dos governos anteriores, não houve no passado.
Moro também destacou que disse ao presidente que não tinha problema nenhum em trocar o diretor-geral da PF, mas que isso deveria ser feito com base em um motivo relacionado ao desempenho do ocupante do cargo.
Eu sempre disse ao presidente que não tinha nenhum problema em trocar o diretor-geral, mas precisava de uma causa relacionada a uma insuficiência de desempenho, a um erro grave. No entanto, o que eu vi durante todo o período, é que o trabalho é bem feito.
Moro resssaltou que ontem conversou com o presidente sobre a possibilidade de mudança no comando da PF e que falou sobre impactos negativos relacionados à decisão.
Falei que isto teria um impacto para todos, que seria negativo, mas para evitar uma crise [política] durante uma pandemia, sinalizei: ‘presidente: então vamos substituir o Valeixo por alguém que represente a continuidade dos trabalhos’.
O ministro também revelou que chegou a sugerir o nome do atual diretor-executivo da PF, Disney Rosseti, que é servidor de carreira da corporação, mas que o presidente tem preferências por outros nomes.
Me disse, mais de uma vez, expressamente, que queria ter [na direção-geral da PF] uma pessoa do contato pessoal dele, para quem ele pudesse ligar, colher informações, que pudesse colher relatórios de inteligência. Este, realmente, não é o papel da PF.

























