A tenente do Corpo de Bombeiros, Izadora Ledur de Souza Dechamps, acusada de torturar e matar o aluno Rodrigo Patrício Lima Claro (21) em 2016, está na lista de oficiais que serão promovidos no primeiro semestre deste ano. Caso realmente seja promovida, Izadora se tornará capitã do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso. O documento onde constam os nomes dos oficiais que serão promovidos foi assinado nesta quinta-feira (30) pelo comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Alessandro Borges Ferreira.
Segundo a Portaria nº 150/BM-1/2020, 26 oficiais devem comparecer na diretoria de saúde/ambulatório central da Polícia Militar de Mato Grosso na próxima segunda-feira (4), para realização de inspeção de saúde. Este é um fator obrigatório para promoção e Izadora Ledur está entre os nomes.
A tenente voltou a trabalhar em janeiro de 2019, depois de apresentar atestados médicos de forma contínua durante quase dois anos, desde a morte do aluno Rodrigo Claro. Em junho de 2017, o nome de Izadora Ledur também foi incluído na lista de oficiais que seriam promovidos, mas foi retirado em seguida porque ela responde a processo interno. O nome havia sido incluído na relação porque Izadora atende ao critério inicial para promoção, que é o tempo de serviço.
A tenente responde criminalmente pela morte do aluno e foi monitorada por tornozeleira eletrônica por três meses. Em outubro de 2017, conseguiu na Justiça o direito de suspender o monitoramento eletrônico, com a retirada do equipamento. A ação que tramita na Justiça, de autoria do Ministério Público Estadual (MPE), tem a tenente como ré pelo crime de tortura. Além dela, outros cinco militares dos bombeiros foram denunciados.
Durante o período afastada, Ledur tentou ser promovida à capitã por duas vezes, mas o pedido foi negado pela corporação.

Entenda o caso
Rodrigo morreu no dia 15 de novembro de 2016, cinco dias depois de passar mal em uma aula prática na Lagoa Trevisan, em Cuiabá, na qual a tenente Izadora atuava como instrutora. De acordo com a denúncia do Ministério Público Estadual, Rodrigo demonstrou dificuldades para desenvolver atividades como flutuação, nado livre e outros exercícios.
Ainda segundo o órgão, depoimentos durante a investigação apontam que ele foi submetido a intenso sofrimento físico e mental com uso de violência. A atitude, segundo o MPE, teria sido a forma utilizada pela tenente para punir o aluno pelo mal desempenho. Durante a realização das aulas, Rodrigo queixou-se de dor de cabeça. Após a travessia a nado na lagoa, ele informou ao instrutor que não conseguiria terminar a aula.
Em seguida, segundo os bombeiros, ele foi liberado, retornou ao batalhão e se apresentou à coordenação do curso para relatar o problema de saúde. O jovem foi encaminhado a uma unidade de saúde e sofreu convulsões.
Antes do treinamento, o jovem conversou com a mãe dele por um aplicativo de conversas e disse que estava com medo do que poderia acontecer.

A tenente responde criminalmente pela morte do aluno e ficou monitorada por tornozeleira eletrônica por três meses. No entanto, em outubro de 2017, conseguiu na Justiça o direito de retirar o equipamento. A denúncia do MPE, diz que Ledur utilizou meios impróprios durante o treinamento com o aluno como “caldos” e afogamentos. Além disso, ela teria ameaçado desligar Rodrigo do curso.
A Justiça investiga se houve abusos por parte dos instrutores do curso de formação. Atualmente, ela desempenha funções administrativas e, desde a morte de Rodrigo, em novembro de 2016, Ledur apresentou atestados médicos de forma contínua.



























