A tenente do Corpo de Bombeiros, Izadora Ledur de Souza Dechamps, acusada de torturar e matar o aluno Rodrigo Patrício Lima Claro (21) em 2016, deve ser ouvida nesta quinta-feira (12) na Vara Criminal da Justiça Militar de Cuiabá. Segundo a denúncia, Izadora era a instrutora em um curso prático do Corpo de Bombeiros e usou de meios abusivos de natureza física e de natureza mental.
Desde a morte de Rodrigo, a tenente apresentou atestados médicos de forma contínua. Izadora foi afastada da função e, atualmente, desempenha funções administrativas na corporação. O aluno Rodrigo morreu no dia 15 de novembro de 2016, depois de passar mal em uma aula prática na Lagoa Trevisan, em Cuiabá, onde a tenente Izadora Ledur atuava como instrutora.
De acordo com a denúncia do Ministério Público Estadual, Rodrigo demonstrou dificuldades para desenvolver atividades como flutuação, nado livre e outros exercícios. Os depoimentos colhidos afirmaram que ele foi submetido a um grande sofrimento físico e mental, com o uso de violência.

Ainda segundo o MPE, a tenente usou o método violento para punir o aluno pelo mal desempenho. Durante a realização das aulas, Rodrigo queixou-se de dor de cabeça. Depois de atravessar a lagoa a nado, ele informou ao instrutor que não conseguiria terminar a aula. Depois disso, foi foi liberado, retornou ao batalhão e se apresentou à coordenação do curso para relatar o problema de saúde. Com isso, foi encaminhado para uma unidade de saúde e sofreu convulsões.
Antes do treinamento, o jovem conversou com a mãe dele por um aplicativo de conversas e disse que estava com medo do que poderia acontecer.

A tenente responde criminalmente pela morte do aluno e ficou monitorada por tornozeleira eletrônica por três meses. No entanto, em outubro de 2017, conseguiu na Justiça o direito de retirar o equipamento. A denúncia do MPE, diz que Ledur utilizou meios impróprios durante o treinamento com o aluno como “caldos” e afogamentos. Além disso, ela teria ameaçado desligar Rodrigo do curso.
No dia 3 de novembro do ano passado, duas testemunhas de defesa de Ledur, foram ouvidas pelo juiz da Vara Criminal da Justiça Militar Marcos Faleiros. A primeira testemunha ouvida foi o médico legista Dionísio Andreoni, que assinou o laudo que atesta que um Acidente Vascular Cerebral (AVC) foi a causa da morte de Rodrigo.
O médico disse que é provável que Rodrigo já tivesse má formação no cérebro, o que teria causado o AVC. Em contrapartida, a mãe de Rodrigo, Jane Claro, afirmou que o filho era saudável e nenhum exame anterior detectou a má formação.
Também foi ouvido durante a audiência o capitão do Corpo de Bombeiros Janislei Teodoro Silva. Ele foi comandante de pelotão da turma anterior à de Rodrigo onde um aluno desistiu do curso alegando abuso nos treinamentos comandados pela tenente Ledur.
O capitão afirmou durante o depoimento que nunca presenciou práticas abusivas por parte da tenente.




























