Tudo poderia ter dado errado na vida de Fabrício André quando a casa em que ele morava com os pais e os dois irmãos desabou. Ele tinha 15 anos quando isso aconteceu e viu o pouco que a família havia construído se transformado em pó. Mas, assim como nos livros que adorava, Fabrício decidiu construir uma história diferente. Se apegou aos livros e fez deles a sua escada para o futuro.

Hoje, seis anos depois do ocorrido, Fabrício comemora a publicação de Não me perdoe, seu primeiro romance. Antes disso, vários poemas seus já tinham sido selecionados em livro em quatro concursos literários.

Depois que nós perdemos nossa casa, eu passei a levar o estudo mais a sério, eu encarei que aquilo era a única saída. Ou estudava, ou estudava.

A família escapou sem ferimentos do acidente, mas teve que morar de favor na casa de parentes até se restabelecer. Fabrício, então, se agarrou à literatura. A professora Elizabeth Bragança percebeu o esforço e o talento e deu corda. A família dele também entrou no jogo.

Fabrício Andre com os pais Sidney e Lidiane durante lançamento do livro (Foto: Divulgação)
Fabrício Andre com os pais Sidney e Lidiane durante lançamento do livro (Foto: Divulgação)

Seu amor pelos livros quando ainda era criança. Aprendeu a ler em casa aos 3 anos, com os livros que seu pai trazia.

Era um gibi. Meu pai sempre trazia livro que ele catava em qualquer lugar pra gente. A gente passou a ter o gosto pela leitura.

Dois anos depois do acidente, em 2014, Fabrício participou do concurso Rio de Palavras: 450 anos de história, da Prefeitura do Rio. O pema “Sim, o planeta é carioca”, obra de sua autoria foi selecionado.

Foi uma alegria em dose dupla. A premiação deu um empurrão para que eu começasse a perceber que tinha potencial.

Livro de poesias sobre 450 anos do Rio (Foto: Affonso Andrade/G1 Rio)
Livro de poesias sobre 450 anos do Rio (Foto: Affonso Andrade/G1 Rio)

A partir daí, foi um concurso atrás do outro e ele foi selecionado para outras três coletâneas. E uma delas o levou, em 2017, à Bienal do Livro, onde jamais tinha pisado.

Eram muitas dificuldades, nunca tive como ir à feira literária.

Quando se deu conta, estava recebendo o convite para lançar o primeiro livro.

O futuro será escrito por ele

Aprovado para uma vaga no ProUni, Fabrício está cursando Administração em uma universidade particular. Com a cabeça cheia de idéias, o jovem já pensa na produção de sua próxima obra, pois tem a meta de escrever um livro por ano.

Lutem pelos seus direitos, mas se adaptem com o que têm. Estudantes de escolas públicas passam por dificuldades, mas precisam lutar para que a situação melhore.

Segundo o jovem, a literatura pode ser uma ótima válvula de escape, uma grande oportunidade.

Quando a gente passa a levar a educação mais a sério, a gente passa a encarar os problemas com mais maturidade, mais seriedade.