Chefe de Delegacia de Controle de Segurança Privada da Polícia Federal (PF), Charles Vinicius Mota Cabral, disse em coletiva de imprensa que a Cervejaria Cuyanaba, alvo de investigação no âmbito da “Operação Cupincha”, segunda fase da “Operação Curare”, deflagrada na manhã desta quinta-feira (28.10), pode ter sido adquirida com dinheiro de desvios de recursos públicos, bem como para servir como estabelecimento para lavagem de dinheiro.
O delegado explicou que a Cervejaria está em nome de duas pessoas, mas que os sócios ocultos do estabelecimento são os alvos da operação deflagrada nesta manhã, o ex-secretário de saúde de Cuiabá, Célio Rodrigues e Paulo Roberto de Souza Jamur, que foi preso em Curitiba (PR).
Surgiram indícios bastante claros que vincularam a transferência da cervejaria a essas duas pessoas […] essa é uma das hipóteses que a investigação trabalha, que o dinheiro empregado pra aquisição da cervejaria pode ter sido objeto de desvio de recurso público, talvez não necessariamente do município de Cuiabá, pode ter sido de outro, mas com certeza esses são elementos que as provas que o inquérito indicam
O ex-secretário de saúde de Cuiabá, Célio Rodrigues, foi preso na manhã desta quinta-feira na ‘Operação Cupincha’. Sobre como a PF chegou em Célio, o delegado afirmou que o processo corre em segredo de Justiça e não deu mais detalhes. Paulo Roberto de Souza Jamur foi preso em Curitiba e um terceiro alvo, residente em Cuiabá, ainda está foragido.
As pessoas que sofreram alguma medida hoje é porque de alguma forma tem algum envolvimento a ser demonstrado e existem indícios de que elas são de interessa da investigação
Conforme a Polícia Federal, a “Operação Cupincha”, tem como foco diligências investigativas ostensivas, bem como de identificação e de constrição patrimonial, em decorrência de atos de corrupção e lavagem de capitais, envolvendo o desvio de recursos públicos destinados à saúde.
Ao todo, serão cumpridos 13 mandados de busca e apreensão e nas cidades de Cuiabá e Curitiba, além da efetivação de 03 prisões preventivas e de medidas de sequestro de bens, direitos e valores. Além disso, também foram apreendidos carros de luxo. Já na região do Lago do Manso, na Capital, uma lancha também foi apreendido.
Como se apurou na primeira fase da Operação Curare, um grupo empresarial, que fornece serviços à Secretaria Municipal de Saúde do Município de Cuiabá e que recebeu, entre os anos de 2019 e 2021, mais de 100 milhões de reais, manteve-se à frente dos serviços públicos mediante o pagamento de vantagens indevidas, seja de forma direta ou por intermédio de empresas de consultoria, turismo ou até mesmo recém transformadas para o ramo da saúde.
Após o ingresso dos recursos nas contas das empresas intermediárias, muitas vezes com atividades econômicas incompatíveis, os valores passavam a ser movimentados, de forma fracionada, por meio de saques eletrônicos e cheques avulsos, de forma a tentar ocultar o real destinatário dos recursos.
A movimentação financeira também se dava nas contas bancárias de pessoas físicas, em geral vinculadas às empresas intermediárias, que se encarregavam de igualmente efetuar saques e emitir cheques, visando a dissimulação dos eventuais beneficiários.
Paralelamente, o grupo empresarial investigado na primeira fase da Operação Curare promovia supostas “quarteirizações” de Contratos Administrativos, que viriam a beneficiar, em última instância, o servidor responsável pelas contratações com a Secretaria Municipal de Saúde e Empresa Cuiabana de Saúde Pública, incluindo o pagamento de suas despesas pessoais.
O nível de aproximação entre as atividades públicas e privadas dos investigados envolveu a aquisição de uma cervejaria artesanal, em que se associaram, de forma oculta, o então servidor público e o proprietário do grupo empresarial investigado.






























