Os católicos de todo o mundo comemoram neste domingo, dia 11 de julho, o dia de São Bento de Núrsia. Apesar de ser considerado o padroeiro da Alemanha e de toda a Europa, o santo acarreta milhares de devotos no Brasil, onde possui diversos mosteiros. Os maiores estão localizados no centro de cidades importantes do país como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Olinda.
São Bento nasceu no dia 24 de maço de 480, na cidade de Nórcia, na Itália. Conhecido como Bento de Núrsia, o futuro santo era um nobre que resolveu estudar filosofia e retórica. No meio do caminho, porém, decidiu tornar-se eremita. Segundo o padre e professor na faculdade de teologia da PUC-SP, Felipe Cosme Damião Sobrinho:
Como eremita, ele tem um chamado espiritual e se torna conselheiro espiritual. Daí ele é chamado a ser abade de um mosteiro e a gente vê esse florescimento vocacional da vida de Bento. São Bento nos ajuda a compreender a vida como dom. Não é à toa que o lema é ‘ora e trabalha’. São Bento nos ajuda a aprofundar o sentido da vida cristã.
São Bento é irmão gêmeo de Santa Escolástica, que morreu em 10 de fevereiro de 542.
A partir do início da vida vocacional, o futuro São Bento começou a fundar mosteiros e abadias, entre elas a abadia de Monte Cassino, também na Itália, local onde ele morreu em 11 de julho de 547. Pouco tempo antes, em 529, surgiu na abadia a Ordem Beneditina.
Entre os fundamentos da ordem, está a chamada Regra de São Bento, que tem três pontos principais: pobreza, obediência e castidade. Essas diretrizes foram adotadas por quase todas as ordens religiosas cristãs.
Segundo Valéria Rocha Torres, doutora em ciências da religião pela PUC-SP, mestre em história pela Unicamp:
A grande marca de São Bento foi instituir a vida monástica, que tem por base algumas coisas que fizeram parte da vida religiosa: a vida de oração, reclusa, homens a serviço de Deus. São Bento normatizou a regra. Ele construiu um código de preceitos que todo o clero regular, que segue a vida monástica, vai seguir.
Vale lembrar que, inicialmente, os mosteiros ficavam em lugares afastados. As cidades foram surgindo ao redor dessas edificações religiosas. Segundo o padre Felipe:
As abadias, mosteiros e conventos já existiam, mas ganham novo impulso com Bento e se tornam forma de vida para as pessoas que residiam nas cidades. Os mosteiros ficavam em lugares altos, inspirando as pessoas.
Com o crescimento da Ordem de São Bento na Europa e com a era das colonizações, a ordem chegou ao Brasil, juntamente a outras famílias religiosas, como os jesuítas, carmelitas e franciscanos.
Cálice e pão envenenados
Por conta do seu meio de vida, o futuro santo arranjou inimigos. Por duas vezes, foi alvo de tentativas de envenenamento. Segundo o padre:
Ele sofreu perseguição pela santidade de vida. Nas lendas, há o cálice envenenado, do qual saiu uma serpente. Na segunda vez, ele recebeu um pão envenenado, que foi consumido por um corvo. Tudo isso pela perseguição pelo modelo de vida. Mas isso não o abalou para viver com radicalidade a vida em Cristo.
Medalha de São Bento
Um dos símbolos da fé em São Bento é uma medalha, aprovada pelo papa Bento 14, em 1742. No objeto, estão a imagem de São Bento segurando uma cruz na parte da frente. No verso, normalmente, está a imagem da cruz vazia e uma série de letras. O simbolismo dela está em espantar demônios. As letras simbolizam trechos em latim de uma oração:
- C S P B: Crux Sancti Patris Benedicti (Cruz do Santo Padre Bento)
- C S S M L: Crux Sacra Sit Mihi Lux (A Cruz Sagrada seja minha Luz)
- N D S M D: Non Draco Sit Mihi Dux (Não seja o dragão meu guia)
- V R S: Vade retro, satana! (Retira-te, satanás!)
- N S M V: Nunquam Suade Mihi Vana (Nunca me aconselhe coisas vãs)
- S M Q L: Sunt Mala Quae Libas (É mau o que me ofereces)
- I V B: Ipse Venena Bibas (Bebas tu mesmo os teus venenos)
Confira abaixo a oração de São Bento: