Um grave incêndio atingiu a Cinemateca Brasileira, em São Paulo, na noite desta quinta-feira (29). O fogo destruiu cerca de 4 toneladas rolos de filmes, documentos sobre a história do cinema no Brasil e equipamentos que eram relíquias para um futuro museu e estavam armazenados em um galpão.
Entre os objetos destruídos, estava equipamentos originais de Glauber Rocha, um dos mais importantes cineastas da história do Brasil. Segundo funcionários, pesquisadores e cineastas, o governo já vinha sendo alertado para o risco de incêndio há mais de um ano.

Os bombeiros receberam um chamado de fogo em edificação comercial por volta das 18h em um galpão da Cinemateca Brasileira na Vila Leopoldina, Zona Oeste de São Paulo. O incêndio não ocorreu na sede da instituição, que fica na Vila Mariana. O fogo foi controlado por volta das 19h45, com a ação de 70 bombeiros em 15 viaturas.
Segundo a capitã dos bombeiros Karina Paula Moreira, o fogo teria começado durante uma manutenção do ar condicionado que estava sendo realizada por uma empresa terceirizada contratada pelo governo federal. Uma faísca teria dado início ao fogo, e a empresa não conseguiu controlá-lo.
A gestão do órgão é de responsabilidade do governo federal, por meio da Secretaria Especial de Cultura, em Brasília. Em nota, a pasta informou que “lamenta profundamente e acompanha de perto o incêndio que atinge um galpão da Cinemateca Brasileira” e que foi pedida uma investigação à Polícia Federal para apurar as causas do fogo.

O galpão armazenava:
- grande parte dos arquivos de órgãos extintos do audiovisual, relacionados aos trabalhos da Empresa Brasileira de Filmes (Embrafilme) e do Instituto Nacional do Cinema (INC), ambos criados nos anos 1960, e do Conselho Nacional de Cinema (Concine), criado nos anos 1970;
- parte do acervo de documentos do cineasta Glauber Rocha, como duplicatas da biblioteca dele;
- parte do acervo da distribuidora Pandora Filmes, com cópias de filmes brasileiros e estrangeiros em 35mm;
- parte do acervo produzido por alunos da ECA-USP em 16mm e 35mm;
parte do acervo de vídeo do jornalista Goulart de Andrade; - equipamentos e mobiliário de cinema, fotografia e processamento laboratorial, muitos deles fundamentais para consertos de equipamentos em uso e relíquias que iriam compor um futuro museu;
- matrizes e cópias de cinejornais, trailers, publicidade, filmes documentais, filmes de ficção, filmes domésticos, além de elementos complementares de matrizes de longas-metragens, todos estes potencialmente únicos.
Segundo o cineasta Francisco Martins, diretor da Associação Paulista de Cineastas (Apaci) e integrante do SOS Cinemateca:
É como se, de repente, você queimasse todo o arquivo do Ministério da Economia de 1950 pra frente. Não tinha só ‘coisa para pesquisador’. Eram todos os dados, o arquivo, que a gente usa, filmes, informações sobre eles.


























