A inauguração da BR-163/MT completou 48 anos neste domingo (20.10) com um cenário que reflete o desenvolvimento de Mato Grosso e a importância da rodovia para o Brasil ao longo dos anos. Na década de 70, ela foi construída para integrar as regiões sul e sudeste com o norte, dando origem a vários municípios do estado. Atualmente, o segmento de Itiquira a Sinop – sob a responsabilidade da Concessionária Nova Rota do Oeste – sedia a maior obra de infraestrutura rodoviária do país com a execução de cinco contratos de duplicação de forma simultânea de Diamantino a Sinop.
A imponência da duplicação iniciada em 2023, após o Governo de Mato Grosso, por meio da MT Par, assumir a gestão da Nova Rota, se assemelha – guardando as proporções e realidade de cada época – à operação montada pelo Exército Brasileiro, em 1970, para construir a BR-163, idealizada dentro do Programa de Integração Nacional, que tinha como mote ‘Integrar para Não Entregar’.
Todo o desenvolvimento e história são acompanhados pelo produtor rural de Nova Mutum e Sorriso, Vitório Cella, 76 anos. Veio de Chapecó (SC) para o norte de Mato Grosso para trabalhar aos 26 anos. E viu a BR-163 nascer, se desenvolver e virar o principal corredor de escoamento da produção agrícola do estado por onde passa parte dos 92,9 milhões de toneladas de soja (38,5), milho (48) e algodão (6,4) produzidos em Mato Grosso, de acordo com dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea).
“Até os anos 80 não tinha asfalto, mas era boa. Em 81, virou um atoleiro e em 82 chegou o asfalto. O trânsito foi aumentando, a plantação crescendo e as cidades começaram a surgir. Com a BR-163 veio o desenvolvimento e as pessoas que queriam trabalhar, progredir”, relembra.
Desde 1975 em Mato Grosso, o produtor rural e vice-prefeito de Nova Mutum, Alcindo Uggeri, conta que já chegou no estado pela BR-163 vindo do Rio Grande do Sul. Levava meio dia para chegar em Diamantino e um dia até Cuiabá. “Hoje está tudo fantástico”.
A construção da BR-163 de Cuiabá (MT) a Santarém (PA) foi realizada pelo 8º e 9º Batalhão de Engenharia de Construção (BEC), sendo o último responsável pelo trecho em Mato Grosso. Aposentado pelo Exército e pesquisador da história da BR-163, o 2º sargento Jonas Alves aponta que os trabalhos do 9º BEC na BR-163 iniciaram em setembro de 1970 e foi inaugurada em 1976 pelo então presidente da República Ernesto Geisel, na Serra do Cachimbo (PA). Na época da construção da rodovia, as principais adversidades enfrentadas foram as doenças tropicais, a distância e a mata densa.
Com serviços divididos entre topografia, supressão vegetal e terraplanagem, o pico das obras para a construção da BR-163 chegou a contar com 1.500 homens trabalhando entre civis e militares. Os maquinários utilizados eram compostos principalmente por tratores de esteira, tratores de roda, motoscrapers e caminhões basculantes.
“A abertura dessa rodovia realizou sonhos, é uma dádiva até hoje para quem transita nela. Se não fosse a BR-163, o Brasil não teria uma região tão desenvolvida como o norte de Mato Grosso. A 163 trouxe o progresso. Agora estamos vendo a duplicação chegar e espero que logo venha a ferrovia”, comenta o produtor rural Cella.
Hoje, a duplicação da BR-163 – de Diamantino a Sinop – conta com mais de 2 mil pessoas em campo e a Nova Rota estima que o pico das obras concentre mais de 5 mil pessoas. Os maquinários, significativamente mais modernos, somarão até 2100 equipamentos, como usinas de asfalto, pavimentadoras, recicladoras, fresadoras e motoniveladoras.
Assim como na década de 70, quando a abertura da rodovia avançou 321 quilômetros de 1970 a 1972, hoje a celeridade da duplicação da BR-163 também é realidade e a Nova Rota prevê entregar 100 quilômetros de pista duplicada e recuperada até o final de 2024.
O governador Mauro Mendes enfatiza que diante da importância estratégica da rodovia para Mato Grosso, assumiu a responsabilidade para dar uma solução para a duplicação. “A BR-163 é um eixo fundamental para o desenvolvimento do país e para o escoamento da produção agrícola. Assumimos o controle do trecho e estamos investindo mais de R$ 1,6 bilhão em recursos próprios para garantir a segurança e a fluidez do tráfego, com obras de duplicação e recuperação. É assim que temos trabalhado para oferecer uma infraestrutura de qualidade. A BR-163 é a prova de que estamos investindo o dinheiro dos mato-grossenses de forma responsável e eficiente, construindo um futuro próspero para o nosso estado”, afirmou.
Todo esse cenário é motivo de satisfação para Uggeri. “Essa duplicação está fantástica, serviço muito bem feito e rápido. De Diamantino até Mutum está quase tudo pronto. Fizeram a pista nova e estão refazendo a antiga, serviço de primeira qualidade. Já sofremos muito com buraco, atoleiro. Quando ocorreu a colonização, muitas vezes, não conseguíamos passar de carro. Hoje estou para lá de satisfeito”.
Projeção de futuro – Projeção de futuro – O presidente da Nova Rota, Luciano Uchoa, pontua que a Concessionária segue com os mesmos objetivos idealizados para a BR-163 desde o início de sua construção: contribuir com o desenvolvimento do país e fortalecimento de Mato Grosso. Frisa que dados do Imea apontam que a produção agrícola do estado saltou de 57 milhões de toneladas em 2015 para 103 milhões de toneladas no ano passado e segue avançando com a estimativa de crescimento de mais 50% para a próxima década, atingindo uma produção de 150 milhões de toneladas.
“O nosso trabalho na BR-163 é voltado para a expansão e para que a rodovia continue contribuindo para todo esse desenvolvimento do estado, provendo uma logística adequada para comportar todo esse potencial agrícola. A nossa missão é para que não sejamos um gargalo que impeça o potencial de crescimento da produção”, comenta.
Com esse foco, a Nova Rota avança na execução das obras e encerrará 2024 com todos os trechos de duplicação previstos no Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) contratados. Ao todo, são previstos sete trechos de duplicação, sendo que cinco já estão em andamento. O presidente do Conselho de Administração da Nova Rota, Cidinho Santos, reforça que é muito satisfatório fazer parte da história da BR-163, especialmente nesse momento em que a rodovia passa por uma ampla transformação e tem o impacto das obras reconhecido nacionalmente.
“A BR-163 sempre teve um valor imenso para o Brasil e para Mato Grosso. Inicialmente trouxe as pessoas de várias partes do país para cá e ao longo do tempo foi evoluindo até se transformar na ‘rodovia da produção’, por onde passa a maior parte da produção agrícola do estado. E hoje, a Nova Rota trabalha para entregar uma rodovia mais segura, com trânsito fluido e com ampla oferta de mão de obra e renda”, aponta.
Assessoria