Segundo um análise estatística publicado pela Folha, existe uma grande probabilidade de ter havido fraude, de diferentes formas, em ao menos 1.125 provas do Enem, o exame nacional que seleciona estudantes para universidades públicas no país.
Essas provas estão dentro de grupos com padrão de respostas tão semelhantes entre si que é improvável que não tenha havido algum tipo de cola nesses casos. A chance de essas provas serem semelhantes apenas devido ao acaso em uma edição do Enem é de no mínimo 1 em 1.000.
Ou seja, seria necessário repetir o exame mil vezes para que duas provas, sem interferência, fossem tão parecidas como os gabaritos suspeitos.
Investigações conjuntas do Inep (órgão federal responsável pelo Enem) e da Polícia Federal confirmaram até hoje apenas 14 casos de fraude. AO governo afirmou que usa estatística e outros meios para combater as colas.
O estudo identificou tanto duplas de provas suspeitas, o que indica algum tipo de cola rudimentar, quanto grupos com até 67 candidatos suspeitos, apontando para um esquema mais sofisticado de transmissão de respostas.
A pesquisa considera apenas candidatos que ficaram entre as 10% melhores notas, entre as edições 2011 e 2016, o que representa um montante total de 3 milhões de provas analisadas. Com essa pontuação, o candidato consegue ingressar em cursos concorridos como medicina, direito ou administração.
O modelo adotado é mais rígido do que o aplicado em outros estudos que buscaram identificar fraudes em exames e concursos públicos.
A estatística foi usada, por exemplo, para detectar cola em universidade da Força Aérea dos EUA, ano passado, ou fraude em concurso para vaga na Receita Federal do Brasil.
O Enem cobra 180 questões dos candidatos, com cinco alternativas cada. O levantamento calculou a probabilidade de duas ou mais provas terem o mesmo padrão de acertos e de erros.




























