Uma grande descoberta realizada por uma equipe de pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) foi revelada ao mundo. Durante uma expedição na cidade de Alta Floresta (a 315 quilômetros de Sinop), em 2014, a equipe encontrou uma nova espécie de macaco, batizada de Plecturocebus Grovesi.
Apesar do animal já ter sido descoberto há 4 anos, a conclusão dos estudos analisando a morfologia, características físicas do animal, e estudos genéticos, só saiu agora. Segundo o coordenador da equipe e membro do Instituto de Biociência da UFMT, professor Rogério Rossio:
A partir [dos estudos] descobrimos que realmente se tratava de uma nova espécie, pois os resultados nos mostraram que os macacos coletados em Alta Floresta não pertenciam à nenhuma já descrita cientificamente.

Na verdade, o Plecturocebus Grovesi já vem sendo estudado desde 1995 pelo pesquisador José de Sousa e Silva Júnior, do Museu Paraense Emílio Goeldi. Na época, ele coletou um exemplar do animal em Alta Floresta para estudá-lo. Porém, a conclusão não ocorreu na época, segundo Júnior, porque havia dúvidas sobre o fato:
Eu percebia que era diferente de outros animais, mas era sutil, não muito convincente.
Por esse motivo, só quando outros pesquisadores encontraram mais exemplares do macaco e foi feita uma investigação genética e morfológica é que se concluiu que se tratava de uma nova espécie.
Porém, a publicação da conclusão vem acompanhada de uma previsão dramática. Se a região de Alta Floresta continuar sofrendo com os índices de desmatamento dos últimos anos, até 2042 poderá ocorrer uma perda de 86% do hábitat do animal. Segundo o pesquisador:
A distribuição da espécie ficará fragmentada e extremamente reduzida, com alta possibilidade de inviabilizar a manutenção das populações na natureza.

A nova espécie faz parte de um grupo de macacos conhecidos popularmente como sauás ou zogue-zogues. O nome Plecturocebus Grovesi foi escolhido como forma de homenagear o professor britânico Colin Groves, considerado uma das maiores autoridades mundiais em taxonomia de primatas. Greves faleceu em 2017.
Segundo os pesquisadores, o animal pode ser encontrado na região do Pantanal, ao Norte de Mato Grosso e em toda a região Amazônica. Com um tamanho semelhante ao de um macaco-prego, porém mais peludo e com cores mais vistosas, costuma se alimentar de frutos e insetos e são conhecidos por serem barulhentos. Segundo o professor:
Minha pesquisa é relacionada com áreas da Biologia que se propõem a descrever novas espécies e estudar as relações de parentesco entre as espécies. É uma área que utiliza as coleções zoológicas – coleção de exemplares de animais para estudo cientifico – então, com uma certa frequência vamos à campo para realizar coletas científicas.
Além de Rogério Rossi, a equipe de pesquisadores que fizeram parte dessa descoberta era composta pelo professor Gustavo Canale, do Campus da UFMT de Sinop. Também havia pesquisadores das Universidades Federais do Amazonas (UFAM), do Pará (UFPA), de Viçosa (UFV) e de Goiás (UFG); do Museu Paraense Emílio Goeldi; da Universidade do Estado do Mato Grosso (Unemat); do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA) e Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, além da Universidade de Salford, Institute for Society and Genetics, Global Wildlife Conservation, vinculado à University of California (UCLA) e e Stony Brook University.



























