Como sempre, depois de grandes tragédias, os urubus aparecem para se alimentar da carniça. O caso do museu já está sendo usado em programas políticos e em páginas de esquerda, direita e centro.
Foi uma tragédia, é claro. Mas foi uma tragédia anunciada. Todos sabiam que podia acontecer e ninguém fez nada. Agora, tem dedos apontados para todos os lados, todos fingindo que não tem culpa no cartório.
Agora, todo mundo que sentar em cima do rabo e pagar de bom moço.
O ministro da Educação, Rossieli Soares, anunciou que vai liberar R$ 10 milhões para ação emergencial na segurança do prédio. Segundo ele, o valor que será transferido para a Universidade Federal do Rio de Janeiro vai ser remanejado de outras áreas. Mas… Que outras áreas são essas?
O que ele vai deixar de fazer para fingir que se importa com o museu? Ele também garantiu que vai buscar apoio de outras instituições, inclusive fora do país, que possam doas peças para integrar o futuro novo acervo do Museu Nacional.
Ele só esqueceu do fato de que temos o Museu do Ipiranga, em São Paulo, que também está abandonado há anos e que possuiu outras centenas de milhares de peças abandonadas. Por que o ministério não se foca nisso?
E 10 milhões é pouco agora. Mas teria sido muito útil alguns meses atrás, quando o museu fazia vaquinha online para restaurar algumas alas. Onde o Rossieli Soares estava nessa hora? Onde o resto do governo estava?
O governo federal, com sua incrível habilidade de tentar resolver problemas quando já é tarde demais, quando já não tem mais o que resolver, anunciou que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o BNDES, vai lançar um edital de R$ 25 milhões para que museus, arquivos e instituições que lidam com acervos.
O objetivo é que eles façam projetos de segurança e prevenção de incêndio e modernização de instalações.
Isso é a prova daquela expressão que eu ouço desde sempre, de que alguém precisa morrer para que alguma atitude seja tomada.
Mas o que eu quero saber é: quem será responsabilizado por isso? Quem vai ter coragem de assumir que usou o dinheiro que deveria ter ido para a manutenção do museu. Ninguém. O culpado vai desaparecer em meio aos escombros. Enquanto os abutres se alimentam das cinzas da nossa história.




























