No segundo episódio da quarta temporada do Mato Grosso Clima e Mercado, a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja MT) conversou com mais três produtores da Região Norte. Nesta quarta-feira (19.11), o projeto visitou os núcleos de Vera, Sinop e do Vale dos Arinos para entender de perto a realidade dos agricultores dessas localidades.
O delegado coordenador do núcleo de Vera, Maicon Rech, foi o primeiro entrevistado do segundo episódio. Assim como na maioria das regiões visitadas, ele destacou que a falta de chuva fez com que muitos produtores perdessem a janela ideal de plantio do milho.
“A gente voltou a plantar por volta do dia 10, quando as chuvas retornaram com um volume melhor de água. Depois tivemos algumas garoas, mas isso comprometeu um pouco o estande do plantio e prejudicou o desenvolvimento da última área semeada, fazendo com que o produtor arriscasse plantar com pouca umidade, tentando garantir a janela do milho”, explica.
Rech também afirmou estar preocupado com o excesso de chuvas que pode ocorrer mais adiante, já que houve poucas precipitações durante o plantio, o que aumenta o risco de chuva durante a colheita e pode comprometer a armazenagem dos grãos.
Diferente de Maicon Rech, o delegado do núcleo de Sinop, Albino Galvan, precisou replantar 10% da área devido à falta de chuva. Em conversa com o delegado coordenador do núcleo de Sinop, João Marcos Bustamante, Galvan explicou que o atraso o fez perder a janela do plantio da safra de milho.
“Aqui já saímos da janela do milho, não tem o que fazer. Temos que optar pela palhada, pois já estamos há nove dias sem chuva. O plano B é desistir do milho, mas o problema será renegociar por causa da compra do adubo e das sementes, que já foram adquiridos”, lamenta Albino Galvan.
Com o replantio, Galvan também demonstrou preocupação com o grande volume de chuva previsto para dezembro. O produtor alertou para o risco de tempestades intensas na região.
“Quando temos esses intervalos de falta de chuva, as próximas precipitações geralmente vêm de forma torrencial, com tempestades. A gente fica preocupado, porque raios queimam equipamentos dentro da propriedade, e ventos muito fortes podem arrancar barracões. A vida do produtor não é simples, não é fácil. É um barracão a céu aberto, e todo ano estamos arriscando”, destaca.
A última região visitada foi o Vale dos Arinos, em Porto dos Gaúchos. Os irmãos e produtores rurais Antoninho Livi e André Livi relataram os desafios locais. Antoninho explicou que também enfrentou problemas com a falta de chuva no início do plantio e pode perder a janela para o milho em um dos talhões.
“Mesmo tendo chovido relativamente bem, os dias foram muito quentes, o que comprometeu um pouco o estado das plantas. Como perdemos oito dias do planejamento inicial, a lavoura ficará pronta no final de fevereiro. Isso pode comprometer o plantio do milho, pois esta é uma soja de ciclo longo. Esses oito dias fazem muita diferença para conseguirmos introduzir o milho nessa área”, afirma.
Após percorrer as três regiões, o projeto registrou relatos semelhantes: falta de chuvas constantes no início da semeadura, pausas prolongadas no plantio, replantios, prejuízos no desenvolvimento das plantas e risco de perda da janela da safra do milho.
O MT Clima e Mercado ainda vai percorrer outros 26 núcleos regionais da Aprosoja MT para apresentar um panorama real da safra, construído a partir da perspectiva dos próprios produtores. Ao acompanhar de perto cada região, o projeto reforça o compromisso da entidade em ouvir o campo, compreender seus gargalos e compartilhar informações que ajudam o produtor rural a se planejar com mais segurança e clareza.
Aprosoja MT






























