Uma história inspiradora, que vem lá da Comarca de Sinop (480 km de Cuiabá), chamou a mostrou que realmente é possível fazer o bem sem olhar a quem, como diz o ditado popular. Com a certeza de que a solidariedade move montanhas e atravessa estados, a servidora Rosana Barboza Moreira, gestora da Vara de Família e Sucessões de Sinop, viajou mais de 2,4 mil quilômetros para salvar uma vida. Ela foi até Florianópolis (SC) para doar medula óssea. Sua ação é um testemunho sobre o impacto da doação e a esperança que ela representa para milhares de pessoas.
Sem hesitação
A jornada de solidariedade começou em setembro de 2024, quando o Redome (Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea) entrou em contato com Rosana informando uma possível compatibilidade entre ela e um paciente. “Eu fiquei muito feliz. Para ser sincera eu nem me lembrava (que era doadora de medula). Ou melhor, eu me cadastrei quando tinha 18 anos e recebi a notícia com 39. Não esperava que depois de tanto tempo isso pudesse acontecer. Quando me ligaram eu fiquei em êxtase. Em nenhum momento passou pela minha cabeça não doar. Rezei muito para que o exame de compatibilidade e os demais dessem certo”, conta Rosana.
O procedimento
A compatibilidade foi confirmada por meio de exame de sangue, em novembro. No início de dezembro ela foi a Florianópolis, acompanhada de sua irmã Rosângela Barboza, para fazer todos os exames necessários antes da doação. É importante ressaltar que todas as despesas são pagas pelo Redome.
Com todos os resultados regulares, a doação foi agendada para 23 de dezembro e desta vez, a acompanhante foi a colega de trabalho, Gilmara Cristina Campos Filgueiras, já que a companhia de alguém é obrigatória.
Então, no dia 25 de dezembro, um verdadeiro presente de Natal chegou para o paciente: a chance de continuar a viver, graças à solidariedade consciente de Rosana, que só poderá saber a identidade da pessoa que ajudou, depois de 18 meses.
A servidora explica que o processo de doação é rápido e indolor. “É necessário apenas tomar injeções por alguns dias para aumentar a produção de medula. A doação em si, pode ocorrer de duas formas, por pulsão (coluna) ou sanguínea. A minha foi por sangue e durou pouco mais de uma hora, pois a minha concentração de medula estava alta.”
A urgência da Doação
A história de Rosana ressalta a importância da doação de medula óssea no Brasil. A busca por um doador compatível é um desafio global e a chance de encontrar alguém totalmente compatível fora da família é de aproximadamente uma em 100 mil. É por isso que o Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome), coordenado pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca) e financiado pelo Ministério da Saúde, desempenha um papel fundamental.
O Brasil tem avançado nesse cenário. Até novembro de 2024, o número de coletas de células-tronco de medula óssea para transplante cresceu 8% em comparação com todo o ano de 2023, totalizando 431 células disponibilizadas. O Redome, com mais de 5,9 milhões de doadores cadastrados, é o terceiro maior registro de doadores voluntários de medula óssea do mundo e o maior com financiamento exclusivamente público.
Cenário em Mato Grosso
Em Mato Grosso, a conscientização e o número de cadastros também têm crescido, mas ainda há um longo caminho a percorrer. Até maio de 2025, o MT Hemocentro registrou 486 novos voluntários, um aumento em relação aos 387 do mesmo período em 2024. Em todo o ano de 2024, foram cadastrados 1.139 voluntários no estado, totalizando 70.271 mato-grossenses no REDOME. Em 2024, foram detectadas 67 compatibilidades no estado, potenciais doadores encontrados, porém, compatibilidade não significa que a doação tenha ocorrido. As informações são da Secretaria Estadual de Saúde (SES-MT).
Procedimento da Doação
A coleta da medula óssea pode ser feita de duas formas.
Punção direta do osso da bacia – Realizada sob anestesia geral ou peridural, com agulhas especiais. O procedimento dura entre 60 e 90 minutos e o doador recebe alta no dia seguinte. A recuperação é rápida, com poucos dias de desconforto.
Aférese (células-tronco do sangue periférico) – O doador recebe um medicamento por alguns dias que estimula as células-tronco a migrarem da medula para o sangue. A coleta é feita por uma máquina, semelhante à doação de sangue comum, e dura entre três e quatro horas.
A servidora da Comarca de Sinop mostra que a solidariedade não tem barreiras geográficas. Cada novo cadastro no Redome é uma nova esperança para pacientes que lutam contra doenças graves. Ao compartilhar sua jornada, Rosana não apenas inspira a comunidade do Judiciário de Mato Grosso, mas também convida a todos a se unirem a essa corrente do bem.
“Vivi essa experiência e não tem nada mais gratificante no mundo! Saber que, com um simples gesto você pode salvar uma vida é uma experiência inexplicável. Se eu não fizer mais nada de bom nesta vida, sei que fiz algo, que posso considerar, que aos olhos de Deus é maravilhoso”, diz Rosana, emocionada.
TJMT
 
		

