O julgamento da tenente do Corpo de Bombeiros Izadora Ledur Souza Deschamps, acusada de torturar e causar a morte do aluno Rodrigo Claro, deve começar as 13h desta quinta-feira (23). O julgamento estava marcado para o dia 27 de janeiro, mas foi adiado para 13 de julho a pedido da defesa. Depois disso, foi adiado novamente, mas agora a pedido da acusação.
Nesta quarta-feira (22), a família de Rodrigo Claro fez um protesto cobrando justiça pela morte do jovem. Eles moraram em Sinop, mas viajaram para Cuiabá para participar do julgamento. Jane Claro, mãe do jovem morto, falou sobre sua esperança de que o caso se resolva no julgamento:
Meu coração está num misto de ansiedade, nervosismo e confiança. Mas acho que confiança é o que predomina nesse momento. Que isso chegue ao fim, para que a gente possa sentir o dever cumprido. Para que tudo possa se resolver a gente descansar. Permitir que o Rodrigo também descanse em paz.

Desde a morte do soldado, a tenente Izadora Ledur só foi ouvida uma vez. Ela declarou que não agiu de forma irregular e ressaltou que o rapaz não estava “preparado para ser bombeiro”. Ela também apresentou vários atestados médicos para justificar a impossibilidade de depor e tentou promoção ao cargo de capitã na corporação, mas não foi aprovada.
Entenda o caso
Rodrigo morreu no dia 15 de novembro de 2016, cinco dias depois de passar mal em uma aula prática na Lagoa Trevisan, em Cuiabá, na qual a tenente Izadora atuava como instrutora. De acordo com a denúncia do Ministério Público Estadual, Rodrigo demonstrou dificuldades para desenvolver atividades como flutuação, nado livre e outros exercícios.

Ainda segundo o órgão, depoimentos durante a investigação apontam que ele foi submetido a intenso sofrimento físico e mental com uso de violência. A atitude, segundo o MPE, teria sido a forma utilizada pela tenente para punir o aluno pelo mal desempenho. Durante a realização das aulas, Rodrigo queixou-se de dor de cabeça. Após a travessia a nado na lagoa, ele informou ao instrutor que não conseguiria terminar a aula.
Em seguida, segundo os bombeiros, ele foi liberado, retornou ao batalhão e se apresentou à coordenação do curso para relatar o problema de saúde. O jovem foi encaminhado a uma unidade de saúde e sofreu convulsões.
Antes do treinamento, o jovem conversou com a mãe dele por um aplicativo de conversas e disse que estava com medo do que poderia acontecer.

A tenente responde criminalmente pela morte do aluno e ficou monitorada por tornozeleira eletrônica por três meses. No entanto, em outubro de 2017, conseguiu na Justiça o direito de retirar o equipamento. A denúncia do MPE, diz que Ledur utilizou meios impróprios durante o treinamento com o aluno como “caldos” e afogamentos. Além disso, ela teria ameaçado desligar Rodrigo do curso.
A Justiça investiga se houve abusos por parte dos instrutores do curso de formação. Atualmente, ela desempenha funções administrativas e, desde a morte de Rodrigo, em novembro de 2016, Ledur apresentou atestados médicos de forma contínua.

























