Os professores da UFMT, a Universidade Federal de Mato Grosso, aprovaram indicativo de greve da categoria em apoio ao movimento estudantil que critica as alterações na política de alimentação do Restaurante Universitário. A decisão foi tomada em assembleia geral.
Segundo a Associação dos Docentes da UFMT, foram 99 votos favoráveis, 81 contrários e oito abstenções, considerando os votos dos campi de Cuiabá, Sinop, Araguaia e Várzea Grande. Uma nova assembleia foi marcada para o dia 15, quando será discutida a deflagração da greve.
Os professores afirmam que a mudança na política de alimentação da univeridade é apenas um dos problemas enfrentados pela instituição atualmente, mas ressaltam a necessidade de discussão sobre cortes de recursos e as ações propostas pela administração, bem como criticaram a emenda constitucional que limitou os recursos da educação por 20 anos.
Durante a assembleia, a categoria também aprovou a formação de comissões para a criação de uma agenda de atividades para dialogar sobre a importância da greve com a comunidade acadêmica nesse período.
Entenda o caso
O estudantes da UFMT também seguem em greve por tempo indeterminado e ocupam campus de várias cidades, incluindo Sinio e Cuiabá. Eles são contra a mudança na política de alimentação e cortes no orçamento da instituição. Eles são contra as mudanças na refeição do Restaurante Universitário (RU) de Sinop, a 503 km de Cuiabá.
De acordo com o estudante Adriel Rigote, atualmente o RU custa R$ 2,25 por dia. Os alunos têm direito a pagar R$ 0,25 no café da manhã, R$ 1 no almoço e R$ 1 na janta.
Esse aumento foi proposto inicialmente a R$ 9,98 para pagarmos de R$ 1 a R$ 9,98. É um pouco puxado porque temos cursos que duram durante todo o dia, alunos de classe baixa e não conseguem subsidiar e se manter na faculdade e ainda pagar aluguel.
Os estudantes bloquearam a guarita da UFMT, colocaram pneus e faixas em protesto. Eles não permitem que nenhuma pessoa entre na instituição de carro, apenas a pé.
Queremos o direito de pagar um valor mais justo e simples. Boa parte deles [dos universitários] vai ter [sic] que ir embora porque não vai conseguir se manter.

A história começou em fevereiro, quando a instituição anunciou a ampliação do acesso gratuito aos que comprovassem renda de até 1,5 salário mínimo e acesso subsidiado para estudantes com outros fatores de vulnerabilidade socioeconômica, no limite do orçamento do Programa Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes). Para os demais, o valor das refeições seria pago sem subsídio.
Isso causou uma enorme mudança na vida dos alunos. Atualmente, todos os estudantes do campus de Sinop pagam as seguintes quantia:
- Café da manhã – R$ 0,25
- Almoço – R$ 1,00
- Jantar – R$ 1,00
Seguindo esta base, o custo mensal com três alimentações diárias chega a R$ 50 por aluno. Porém, com as mudanças, os valores se alteram para:
- Café da manhã – R$ 2,35
- Almoço – R$ 9,48
- Jantar – R$ 9,48
Neste novo cenário, o custo mensal incluindo as três alimentações diárias chegará a R$ 473,52 por aluno. A estudante de Enfermagem do campus de Sinop, Fernanda Trombetta Pedraça, acredita que muitos alunos vão abandonar a instituição:
Sem diálogo necessário, ou um levantamento para representar a realidade, muitos vão deixar a universidade. Tem estudantes em situação de vulnerabilidade que não vão se enquadrar no perfil socioeconômico e não serão assistidos. Muitos farão a inscrição (para auxílio estudantil) e, por causa de R$ 50, não terão subsídios. Aí, tendo que cobrir o valor integral (das refeições), não terão condições. Outros nem sequer entrarão na faculdade, porque sabem que não irão conseguir se manter.




























